29 outubro 2011

O advento aniversário

Todo mundo tem (quando começa a adolescer) aquele sonho de estar pelado no meio da multidão vestida, não é mesmo? Esse sonho aterroriza até os mais depravados. Todos vestidos e só você ali, nu. Pelado, pelado, nu com a mão no bolso. E o pior, ninguém percebe que você está nu, a não ser você. E, quando você acorda, há aquele alívio de ninguém ter visto seu corpo ainda em formação, a sua magreza em excesso, ou a gordura. A falta ou o excesso, sempre.
Escolhi esse parágrafo para iniciar o texto do meu aniversário justamente pelo sonho que tenho agora. Já perdi o medo de estar pelada no meio da multidão. O meu corpo é esse e fazer o que? O meu maior medo agora é estar pelada no meio da multidão e ter que começar a correr. Gente, isso não é justo. Correr mostra a minha displicência em forma de gelatina que poderia também ser chamada bunda. Posso estar exagerando? Posso.
E o fato de meu aniversário ter chegado (bem antes do esperado, rs) joga na minha cara o quanto estou velha. E, o quanto fiquei burra, rs. Explico: Passei praticamente metade deste ano de 2011 acreditando ter 27 anos e me sentindo a velha. Até que no final de setembro eu fiz as contas (nasci em outubro de 1984) e pronto: eu ainda tinha 26 anos! Pode isso?
Sofri por ter  27 anos por pelo menos 6 meses antes de eles realmente se concretizarem. E agora, nesse 29 de outubro de 2011 os completo.
E, já não mais o que sofrer. Agora penso que fico 1 ano e meio com essa idade.
Explico o sofrimento: não tenho síndrome de Peter Pan, tenho total noção de que eu e as pessoas a minha volta também envelhecem. Todas aliás, ganham 1 ano de vida dentro de 1 ano.
Mas, a cada dia que envelheço, verdades duras são mostradas a mim.
Objetivos que antes eram traçados, agora já deveriam ter se tornado realidade. Mas, por “n” razões, culpa (mais) interna e (do que) externa, eles não se realizaram. E, fico triste por que a idade que eu pretendia que algumas coisas acontecessem, não aconteceram. E agora essa idade me atropela. Passa por cima de mim porque independente de você ter vivido ou não o ano que passou, você o envelheceu, você o ganhou e você o perdeu.
Não quero negar o ano de 2011, pois tive um grande aprendizado esse ano, tive mais ganhos do que perdas, com certeza. Mas ainda sim, o objetivo está lá.
Outra verdade que a cada dia se apresenta mais e mais na minha vida é a morte. E, como bem disse Steve Jobs “ninguém quer morrer, até aqueles que querem ir pro céu, não querem morrer pra chegar lá”. Pois, a medida que eu envelheço, meus pais e meus avós também envelhecem.
Esse ano passamos um susto com minha vó internada no cti por uma simples infecção que, se fosse em mim, não faria cócegas. Mas, como foi nela, fomos preparados para a morte (aqui cabe a palavra tenso).
Ano passado, a vó de umas das melhores amigas que a vida pôde e pode me dar, faleceu. Esse ano, umas duas semanas atrás, a vó de outra dessas melhores amigas faleceu também. É, a dona morte não brinca em serviço. Isso sem contar mãe de amigo ou pai de amigo que já foram.
A morte é um processo da vida. E, por mais que eu seja espírita e, acredite que a morte é na verdade a desencarnação, não acho que consigo separar as emoções. Não acho que consigo ser racional em uma hora que tudo é emocional. A morte é despedida. Mesmo que temporária, é uma despedida.
E, de repente, meu post de aniversário virou luto.  (Eu sempre divago, esse deveria ser o nome do meu blog).
E, vamos a mais uma verdade: aposentadoria,lógico que estou longe dela, mas meu pai já se aposentou e minha mãe está próxima disso e, esse ano tudo o que eu escutei foi: faça previdência privada. Fiz. E, já conheço todos os desesperos que aposentados passam (só ainda não os vivi, mas é questão de tempo).
É, meus queridos, envelhecer não é fácil não.
E, como dizem por aí, se fosse fácil chamava dormir de conchinha e não vida.

24 outubro 2011

O Verdadeiro Recordista

Foi há quatro anos e poucos meses. Antes do Pan no Rio de 2007 (acho que em abril) e o sujeito nessa frase é o Hugo Hoyama. Eu já fazia a produção do programa de rádio Bumerangue (rádio UFMG educativa 104,5) e aconteceu do torneio de tênis de mesa ser no Minas Tênis Clube e o Hugo estar aqui e ter topado participar de uma entrevista para o programa. O problema (ou solução) era que alguém tinha que ir até o Minas Tênis para entrevistá-lo e, os dois apresentadores do programa não podiam (pra quem é de BH, sabe que a UFMG fica na Pampulha e o Minas Tênis em Lourdes, ou seja, longe).

Por isso, lá fui eu fazer a entrevista. A minha primeira ao vivo e, sabem como é, a primeira vez a gente não esquece. E, em caso de esquecimento, registro no blog para ler depois, rs.

Cheguei no Minas Tênis nervosa e com medo de fazer bobagem, pois apesar de escrever roteiros com facilidade, só soube que iria entrevistá-lo em cima da hora, o que me custou uma rápida pesquisada no Google (desculpa aê, mas é o desespero mesmo) para saber tudo sobre ele em cinco minutos: recordes, competições, time que torce, encerramento de carreira (que iria ser no Pan do Rio, aliás).

A entrevista foi ao vivo, por celular com algumas perguntas feitas por mim e outras no estúdio. Deu tudo certo (no final dizem que sempre dá, né). Mas o que é importante frisar é a educação e a boa vontade com a qual fui tratada por ele e por sua equipe. Afinal, ele não precisava dar entrevista para um programa de rádio universitário. No final, ainda perguntou se era só aquilo mesmo, porque tinha sido rápido.

Fui embora de lá satisfeita com o resultado. A entrevista tinha sido legal e o principal, o entrevistado tinha sido ótimo. Soube sentir o meu nervosismo (contei que era minha primeira entrevista ao vivo) e me respeitou. Tinha muita educação ali.

Foi também há quatro anos e poucos meses. Antes e depois do Pan no Rio e o sujeito nessa frase é o Tiago Pereira que, apesar de carioca, treinava no Minas Tênis todos os dias. Nosso programa era ao vivo na sexta-feira e tentávamos a todo custo entrevistá-lo (ao vivo ou gravado, no estúdio por telefone ou presencialmente por telefone ou gravador, não tinha problemas, queríamos entrevistá-lo).

Tínhamos um problema: ele não queria ser entrevistado. Pelo menos não por nós. Na globo, eu sempre o via (enfim, sabemos o motivo). Mas, o problema não era não querer ser entrevistado por um programa de uma rádio universitária. O problema era o assessor dele sempre confirmar uma entrevista ao vivo no horário do programa (nosso programa sempre tinha uma entrevista ao vivo) e, na hora de ligarmos, o telefone simplesmente não atendia, ou quando atendia, era o assessor dele que dizia que “ele está na piscina, não pode dar entrevista agora”. Sabíamos que ele sempre estaria na piscina. Mas, além de combinarmos a entrevista, sempre combinávamos o horário dela. Ou seja, quando a entrevista era confirmada todos sabiam o horário e o assessor sabia que ele estaria na piscina. Essa brincadeira de “good cop, bad cop” cansava. O nadador era o bom que não sabia nada e o assessor, o ruim que fazia as “maldades”.

Esse ano, os dois estão no Pan no México e Tiago Pereira bateu o recorde do Hugo Hoyama de maior medalhista brasileiro em pan-americanos. Algumas bizarrices que a cobertura do Pan da Tv Record nos trouxe, foi a repórter Adriana Araújo (que cobria a natação lá da piscina) pedindo ao Tiago assim que saiu da piscina para lhe dar um abraço (Oi?). É repórter ou fã? Ou melhor, quer ser Fátima Bernardes e a seleção de futebol? Não consegue. Primeiro, porque pareceu não combinado. Segundo, porque o Tiago Pereira não pareceu se alegrar muito com a idéia. Terceiro, porque o César Cielo estava lá também. Ah vá, que se eu posso pedir um abraço pro César Cielo eu vou pedir pra Tiago Pereira? Não convenceu e se tentou emocionar alguém, foi de vergonha. Ninguém chora com isso (porque a nova moda é fazer telespectador chorar).

Eu divago...

Só pra concluir que pra mim o título de recordista em Pans, pouco importa. O Hugo merece mais destaque na imprensa e no Brasil pelo carisma e principalmente por se destacar em uma modalidade que não tem destaque no Brasil. Mas, recordes existem para serem batidos. E, se Tiago bateu esse recorde, mereceu e foi melhor.

Agora, pensemos em olimpíadas, pois o que vimos em Pequim 2008 (na natação), é que o Pan pouco importa para estabelecer quem ganhará nas olimpíadas (a não ser por César Cielo). Afinal, no Pan o Brasil vai com primeiro time e Estados Unidos com universitários.

Ah Brasil! Quando investirá em esportes pra valer?

13 outubro 2011

Aquele que sobrou


Não estou defendendo. Apenas expondo fatos. Dito isso, resolvi escrever sobre Rafinha Bastos. Antes um breve relato sobre nós dois. E, não, ele não me conhece.

Quando entrei no twitter (2009) era o início do cqc e a febre dos cqc’s maníacos. Fiz o meu perfil e sem saber direito como aquilo funcionava, comecei a seguir todos os caras descolados do cqc, eu os achava engraçados e achava o programa inovador e chocante pela sua proposta.

Por isso, era seguidora fiel e ria de suas piadas. Até que chegou ao ponto de as piadas já não terem mais tanta graça assim. A partir do momento que o desconforto ficou maior que a graça da piada, minha consciência me alertou.

E, o exato momento foi quando li em uma entrevista para a Rolling Stone, o Rafinha dizendo que uma mulher feia que fosse estuprada deveria agradecer, pois só assim iria conseguir... Nunca fui estuprada, mas não posso rir de uma “piada” tão ridícula e ignorante. Sou incapaz de aceitar que seja uma “piada” e pior ainda, de aceitar que pessoas conseguem rir disso no seu show.

Só de parar pra pensar do horror que é um estupro, porque acaba com a vida da vitima (quem apaga essas marcas?), porque destrói vidas, lares e famílias. Porque é um crime de horror e cruel.  E, meu Deus, é impossível aceitar que façam uma piada de tamanho mau gosto com um fato que definitivamente não é engraçado.

Isso não é humor. Isso é crueldade.


A partir desse momento, ele perdeu todas as fichas comigo. É claro que já não o sigo mais no twitter (ele e a maioria dos cqc’s, mas isso aqui não é trollagem oficial). E, já não assisto tanto o programa, mas porque já não o acho mais tão legal assim.

O que mais me irritou em toda essa história é o cara falar a piada que quiser em um programa ao vivo e no teatro no seu stand up mas, só quando fala de uma cantora que é casada com um empresário e amigo de Ronaldo é que o cara é repreendido. Ora, vá!

O cara disse coisa pior antes e deveria ter sido repreendido por isso lá. Agora, ele está se tornando uma vitima, porque há uma mobilização a favor dele. Gente que quer crucificar a band por não ter feito nada contra o Boris Casoy e o caso dos garis e que fez agora com o Rafinha.

Sério que o Ronaldo tem tanto peso assim de decisão na band? Foi só ele falar que não aprovava (quase 10 dias depois do ocorrido) que o Marco Luque (que riu da piada ao vivo) fez uma declaração de que não achava graça nessa piada. E, foi só aí que a band o suspendeu.

O que declararam os patrocinadores?

Depois de duas semanas suspenso e uma matéria cortada, Rafinha pediu demissão da band, demissão essa que ainda não foi aceita, pois a band não quer que ele vá pra concorrência. E, gosta de ter ele na casa. Entendeu alguma coisa?

Até agora, ele deu uma entrevista para o IG respondendo as perguntas com receita de bolo, remetendo à época da ditadura militar que, quando uma matéria era censurada, saia no jornal uma receita de bolo em forma de protesto. Ou seja, ele é o censurado, injustiçado e a band a vilã.

O que eu posso concluir é que o maior erro dele foi ter feito piada com o famoso errado. Pois, se fazer piada de estupro pode e, dizer que a mulher é gostosa a ponto de “comer ela e o bebê” não pode, eu não entendo mais nada.

12 outubro 2011

Dia de?

Eu estava lá. Sim, eu vi ao vivo no multishow o momento da entrevista com a Cristiane Torloni. Ela estava cômica. O jeito que ela fala é muito pausado e devagar. Eu ri na hora.


O slogan do Rock in Rio desse ano foi “Hoje é dia de Rock, bebê” graças a ela. Na internet, virou uma febre. Assim que o vídeo foi para o youtube, incontáveis perfis o compartilharam no facebook e no twitter só se falava disso. Portais de notícias também.


No dia seguinte, a assessoria da atriz disse que ela é daquele jeito e que é budista, por isso a forma de falar. E, que não daria mais entrevistas durante todo o Rock in Rio.

Não lembro se para ser budista tem que falar daquele jeito (help me Google), mas o que mais me intrigou nessa história foi que se a resposta da assessoria é de que ela é daquele jeito porque é budista, porque não dar outras entrevistas então? Porque a vergonha de ser o que é?


O público (eu inclusive) está acostumado a vê-la em novelas, seja como Helena de Manoel Carlos ou a atual Tereza Cristina de Aguinaldo. Não conhecemos a Cristiane. E, quando pudemos conhecer (e estranharmos um pouco, é verdade), ela se fechou e não vai dar entrevistas.


Acho estranho isso.


Ps: Esse post demorou mais que o esperado, mas enfim, vai ter outro post que remete ao Rock in Rio por ai...

Quando a chuva passar...


Ontem (11/10/11) Belo Horizonte foi inundada por um temporal. Choveu o equivalente a 10 dias do esperado em outubro, dizem.

Choveu tanto que inundaram algumas ruas da cidade, árvores caíram e por conseqüência, fios elétricos se romperam. No BH Shopping, parte do teto de gesso caiu em cima das pessoas (ninguém se feriu gravemente, ainda bem). Mortes? Uma. Um motociclista foi eletrocutado por um cabo de energia partido.

Mas o objetivo desse texto é que quando eu abri o facebook e o twitter, li vários perfis xingando a Cemig (Cia de energia elétrica de Minas) porque a luz tinha acabado. E, eu fiquei revoltada com esses xingamentos. Poxa, ruas inundaram, fios de luz arrebentaram, teto de shopping cai, telhados foram arrancados, granizo caindo e gente começa a xingar a Cemig porque a luz acabou?

Porra, gente.

É óbvio que iria acabar. Acabou na minha casa, no meu trabalho, nos shoppings, no trabalho da minha mãe, em todo o centro da cidade. Aliás, onde não acabou a luz?
Acho que devíamos nos acalmar com essas situações. A luz acabou porque o mundo quase acabou em Belo Horizonte.

Daqui a pouco começam a fazer evento no facebook contra a Cemig. E, a Cemig faz contra São Pedro, não é?!. Vamos pensar na pessoa que morreu e nos tantos que ficaram alagados. Ou até nos tantos que tiveram seus carros quebrados e amassados por árvores. Ou nos tantos que ficaram horas esperando ônibus que não passavam porque o trânsito ficou caótico.

É claro que a luz iria acabar. E, é lógico que ela tem que voltar. Mas, temos que ser menos irracionais quando essas coisas acontecem. Escrever no facebook um post xingando a Cemig só pra ganhar alguns likes e para as pessoas te acharam cool e revolucionário é demais.

09 outubro 2011

iSad

Sempre tive meus receios sobre o iPhone. Sempre achei que não tinha a destreza suficiente para mexer numa tela totalmente Touch. Até eu ver esse vídeo aqui: Apresentação do primeiro iPhone e me sentir uma completa idiota por usar um teclado Qwerty. E, me sentir uma completa idiota por ainda não ter um iPhone.

Sério, Steve Jobs vendia a marca, a idealização da marca, o status dela. Mas, vendia. E, me convenceu em ter um aparelho dele só na apresentação, sem eu nem saber o preço (no Brasil é o olho da cara, né). Só tenho (por enquanto) um produto da Apple, um iPod shuffle adquirido esse ano pela minha necessidade de escutar música.

Quando o aparelho chegou, eu percebi que não tinha comprado simplesmente um tocador de música. Eu comprei todo um conceito da Apple para a música. Porque ele vem em uma caixa branca toda cheia de estilo com a maça mordida, que eu não tenho coragem de jogar fora (ela guarda o USB do tocador, vai). Mas com ela deu pra entender um pouco mais sobre o Apple maníacos.

Tenho dois irmãos que tem o iPad, tenho uma amiga que tem o Mac e o iPod touch e o pai dela tem o Mac e o iPhone. E, são pessoas que não se arrependem do preço que pagaram pelos produtos. São satisfeitas com o que compraram.

Quem compra Apple, compra a marca, o conceito, a idéia, a tecnologia, o pioneirismo, a qualidade.

Não sei o que vai acontecer com a Apple agora que o Steve Jobs morreu. Sei que perdemos um visionário. Alguém definitivamente além do seu tempo. Sofreu por um câncer no pâncreas, precisou de um transplante no fígado, mas continuou lá. Trabalhando e nunca deixando se abater. Percebemos em uma rápida visita ao Google o quanto Steve emagreceu nos últimos anos.

Percebi o quanto ele estava lúcido e esclarecido sobre a vida quando vi o vídeo dele em Stanford. E, com três frases do discurso, encerro meu post-homenagem a ele. Que vá em paz.

“Lembrar que em breve estarei morto é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar as grandes decisões da minha vida.”

“Lembrar que se vai morrer é a melhor forma que eu conheço de evitar a armadilha de pensar que se tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.”

“A morte é provavelmente a melhor invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela tira o velho do caminho para dar espaço ao novo.”