31 maio 2012

E mesmo sem te ver...

"Segundo Aristóteles, a catarse refere-se à purificação das almas por meio de uma descarga emocional provocada por um drama."


Comecei a gostar de Legião na adolescência ou pré-adolescência, não sei direito como isso funciona. Nunca fui a um show da banda. Quando o Renato morreu, eu era nova e sofri junto com os “velhos” fãs. As músicas do Renato tocam a gente de uma forma indescritível. São letras lindas e profundas. Só quem gosta, sabe.

Quando a MTV anunciou que iria fazer o Tributo, eu nem dei muita importância. Evento em São Paulo (moro em BH), caro (R$200,00) e no meio da semana. Pra falar a verdade, só soube do dia que ia passar no próprio dia. Assisti sem muitas expectativas. Mas acho que por isso eu me emocionei mais. Não esperava nada do show, mas foi só começar que ali estava eu cantando as músicas e me emocionando junto com o público.

Assisti na terça e na quarta (pela televisão, né?!) e foi emocionante do começo ao fim. Vou escrever sobre o show de quarta, pois no show de terça o Wagner Moura desafinou (acredito que seja pela emoção, claro).  Mas no show de quarta-feira, ele pareceu mais contido (contido na voz, segurando mais a onda nas notas mais graves e não indo nas notas muito agudas, com isso desafinou menos). Enfim...

O show começou com Tempo Perdido (aqui você vê uma versão so cute do Wagner com a Aline Moraes no também so cute Homem do Futuro) e foi cantando vários sucessos da banda (28 músicas, eu acho, li em algum lugar): Teatro dos Vampiros, Geração Coca-Cola, Andrea Doria, Giz (!!!), Índios, Ainda é Cedo, Eu Sei, Monte Castelo (!!!), Pais e Filhos com Stand by Me (quem se lembra de Música para Acampamentos?) e tantas outras...

A música A Via Láctea foi cantada pela primeira vez em um show da banda e o Marcelo e o Dado deviam estar explodindo ao tocar essa música, imaginem: tocar a música que o Renato se mostrava doente? (...E essa febre que não passa e meu sorriso sem graça. Não me dê atenção, mas obrigado por pensar em mim...).

O público cantava todas as músicas junto com o vocalista, aliás, o vocalista deixou claro a todo o momento que era mais um fã dessa Legião Urbana. Um fã sortudo e alucinado. Dava pra ver o quanto ele estava feliz ali, cantando e segurando uma barra também (haja coragem pra aceitar esse projeto).

Na pausa do show, antes do retorno para o famoso “mais um”, o público começou a cantar Faroeste Caboclo, sozinho, sem banda, sem música. Era a voz de 8 mil pessoas cantando a música que sabem cantar há uns 10 ou 15 anos. Ali, em plena homenagem ao tributo, quase que um agradecimento pela banda, pelo o que o Renato Russo representou para uma geração (e ainda representa). Nem precisava de banda acompanhar, eram fãs cantando para os fãs. 

A banda voltou e cantou Será (última do repertório), mas não conseguiram (não poderiam) encerrar o show. Faltava cantar a música tantas vezes pedida. E Wagner já diz “Não ensaiamos essa música e não canto ela desde os meus 15 anos”. O público foi ao delírio. E a banda tocou com todos os convidados do show tocando (mesmo sem saber o que tocar) e Wagner cantou toda a letra e foi lindo (isso você vê aqui).

Não poderia ter final melhor para esse Tributo. Foi maravilhoso. Emocionante.

Foi uma catarse coletiva.