13 fevereiro 2012

Mais do Mesmo


 
Já parou pra pensar que as pessoas que admiramos não passam de grandes repetidores?
Repetidores de palavras e de ação.
E, não digo isso de forma negativa.
É apenas uma reflexão.
Ano passado, no mês de março, eu fui à São Paulo para ver o show da Shakira e adorei o show. Ela requebra horrores, canta demais e é de uma simpatia impressionante. Tem carisma e presença de palco absurdos.
O show foi excelente!
Todo mundo canta e dança o show inteiro e, no fim do show, quando a moça canta Waka Waka o público simplesmente não consegue ficar parado.
Voltei pra Belo Horizonte “Shakirizada”.
Quando veio a notícia de que ela cantaria no Rock in Rio, não só eu quis ir ao show, como recomendei a todas as pessoas próximas. Ela faz um espetáculo. Gosto de shows que “brincam” com o telão e com as luzes no palco.  Adoro observar a mudança de luz no palco e a mudança de figurino. Essas coisas em show sempre me fascinam. E, em shows internacionais, só aumenta o fascínio.
Mas, voltando ao Rock in Rio, por uma série de fatores, não pude comparecer presencialmente ao festival. Mas, como todo bom brasileiro, tenho a Rede Globo em casa eu voltei correndo do bar que estava pra ver a Shakira na televisão.
Acontece que o show foi exatamente igual ao show que eu vi. Com exceções para Estoy Aqui que abriu o show e a presença da Ivete Sangalo, o show foi o mesmo. A mesma rebolada, os mesmos gritos, a troca de “Eu te Amo São Paulo” para “Eu te Amo Rio” no mesmo pedaço da música (fora os te amo Brasil que foram os mesmos). Os mesmo pulo para a caixa de som no mesmo momento da música “Waka Waka”. Tudo sincronizado demais. Milimetricamente ensaiado e realizado.
E, assistindo ao show do Rock in Rio, eu perdi um pouco aquela magia do show.
Acho que devemos ver um show por turnê desses artistas ensaiados.
Fiquei pensando se o próprio artista não sente aquele “tédio” (eu sei que tocar pra 50 mil pessoas não é tédio, mas entendam) da repetição. Tudo igual a todo o tempo. É o mesmo show com as mesmas falas.
O bom pra ela é que é poliglota e, pelo menos além de trocar a letra da música de inglês pro espanhol (dependendo do país), ainda troca a língua que vai falar ao público, seja inglês, espanhol, português ou francês.
Mas, fora isso, é um grande teatro acontecendo ali.
Depois da fase revolta, eu entendi que é uma turnê mundial e que não dá pra inovar sempre. Só penso que faltou sair um pouco do ensaio ali. Precisa subir na caixa de som no mesmo momento da mesma música toda vez?
Como boa mulher de malandro que sou, comprei o DVD do show dela dessa turnê. Gravado em junho na França, é novamente o mesmo show, com o mesmo pulo na caixa de som, porém com uma música cantada em francês. De qualquer forma, tem o mesmo gingado em “Hips don´t lie” e a mesma energia em “Waka Waka”.
Mesmo com as repetições, é um show que recomendo.
Indo pelo mesmo raciocínio, em agosto de 2010, eu fui assistir a uma palestra do Caco Barcelos mediada pelo Marcelo Tas. Sabemos bem que o Marcelo Tas atrai um público jovem, adolescente e fascinado pelo CQC da band. Por aí, já podem imaginar que a palestra também tomou como palestrante, o mediador. Eu conhecia o Tas pelo Varela (procurem no Google, jovens), quando na faculdade de Jornalismo foram passados os vídeos das entrevistas dele. Mas, nunca tive curiosidade em saber da vida dele. Nessa palestra, soube que ele cursava engenharia e que tentava trabalhar no jornal da faculdade e quando conseguiu, não largou mais. Entre outras histórias sobre a sua vida, essa é a que eu mais me lembro. Pois bem, em novembro do ano passado, fui à Ouro Preto para o Fórum das Letras e, por coincidência, havia uma palestra do Marcelo Tas que estava lançando um livro sobre Educação (em conjunto com o Gilberto Dimenstein) e eu fui ver. O problema é que foram dedicados poucos minutos para falar sobre o livro e um excesso de tempo para falar sobre o CQC e sua vida. E, mais uma vez, escutei a mesma história sobre a faculdade de engenharia.
Pode ser pelo fato de eu não ser fã dele, mas achei um saco escutar tudo de novo. Puxa vida, não há mais nada pra contar? Muito chata essa repetição.
Fico pensando quantas vezes ele já não contou essa história e se ele já chegou ao ponto de pensar: “Puta que me pariu, ninguém tem Google aqui não? Preciso contar de novo que eu fiz engenharia?”.
Mas aí sou eu e minha falta de paciência. Acredito que ele deve ser uma pessoa paciente o suficiente pra repetir essa história durante uns 30/40 anos de vida...



Quando vi essa palestra do Tas, eu já estava pensando sobre esse texto, pois o faria todo em torno da Shakira. Acontece que o Tas caiu como uma luva nesse texto.
Mas tem mais: Um pouco depois dessa ida à Ouro Preto e, ainda divulgando o seu livro, o Tas foi ao programa do Jô justamente no dia que eu estava vendo. E aí propus a ele (mentalmente) um desafio: “Quero ver contar história diferente agora!”. E não é que ele contou?
A entrevista foi toda "inédita" para mim!
Se ele pode inovar no Jô, porque não pode inovar para o público?
Bom, uma pausa nesse texto repetitivo pra escrever sobre uma pessoa que eu já vi falando umas de seis vezes (pouco, eu sei), que é o Frei Betto.
Eu nunca, repito: nunca presenciei uma repetição de fala por parte dele. Ele sempre se mantém ao que é pedido na palestra e, sempre é bom o escutar (tudo bem que uma das "palestras" foi um casamento, mas enfim, foi linda a fala dele).
Acho fantástico quem consegue não ser repetitivo nas falas. Quem consegue sempre dizer algo diferente, relatar uma experiência diferente a cada momento.
Por isso, sempre vejo Frei Betto quando posso, porque ele sempre agrega alguma informação diferente para mim.
Texto repetitivo, não é?!
Tenham um bom dia!