23 novembro 2011

O encontro


Sempre achei a palavra "ídolo" muito forte. Tenho inclusive, dificuldades em dizer quais são os meus ídolos. Mas, qual palavra para melhor definir aquele que me mostrou que a escrita pode ser ao mesmo tempo leve e densa? Ao mesmo tempo sobre nada e sobre tudo?
Pois é. O defino como ídolo para essa parte da minha vida. E, não me confundam com uma fanática que respira o ar que ele passa. Não sou assim. No máximo, sei que é casado com a Marina e que já morou e lecionou na América do Norte e Europa, além do Brasil, claro. Sei também que ele escreve de uma forma excelente. E, que se eu chegar a escrever um pouco igual a ele, já ficarei feliz.
Estou falando do Affonso Romano de Sant'anna.
Poeta, professor, escritor, cronista, pensador e tantas outras coisas...
Me ensinou na crônica "Eu sabia fazer café" de 2003, que era possível escrever de uma forma leve que encantasse e que ao mesmo tempo gerasse aquela pulguinha de raciocínio atrás da orelha.
Vale lembrar que na época eu ainda não tinha ido à faculdade e que, por isso, foi ainda mais marcante o conhecer.
Depois de o conhecer pelas crônicas de domingo no Estado de Minas, comprei um livro dele: Tempo de Delicadeza. Livro esse que está todo grifado, pois cada frase dele me tocou de maneira diferente.
O Affonso sempre veio a Belo Horizonte, mas até então, nunca o tinha visto pessoalmente. O vi em inúmeras entrevistas na TV e/ou pelo youtube.
Esse ano, vi em algum site que iria ter o Fórum das Letras em Ouro Preto. E que o Affonso estaria no fórum. Acho que nem pisquei. Inscrevi-me na mesa de debates que ele ia participar (e depois em outras) e comprei minhas passagens.
No dia da palestra dele (era a última que eu veria, no domingo a noite, pouco antes da minha volta à Belo Horizonte) eu estava feliz pois iria vê-lo pessoalmente. No final da mesa de debates, fui ao encontro dele, esperei algumas pessoas conversarem com ele e quando tive a minha chance, não consegui controlar minha emoção. Chorei um dos choros mais sinceros da minha vida. Eram lágrimas de alegria.
Pouco consegui falar, consegui o autógrafo, a foto e explicar que sou fã desde que li “Eu sabia fazer café”. Ele me perguntou algumas coisas (acho que ficou assustado pelo choro) e depois cada um seguiu seu caminho.
Eu fui pra rodoviária mais leve e feliz. Não é todo dia que se encontra com um ídolo e que ele se mostra receptivo.
É isso aí.