30 maio 2014

O maior silêncio que já ouvi

Sou testemunha in loco e por isso posso afirmar: Eu já ouvi o maior silêncio do mundo.

Erika e eu, que formamos nossa turma pra ir aos jogos do Galo.
                         
No dia que viria a ser o Dia de São Victor do Horto, eu estava lá do jeito que toda a torcida queria: Camisa do Galo (blusa de frio por cima porque tava frio demais) e máscara do pânico. A torcida inflamava o cântico "Caiu no Horto ta Morto" e eu ia junto. O Galo tinha empatado contra o Tijuana no México graças àquele que viria a ser o xodó da torcida, Luan. Tudo o que precisávamos era uma vitória simples ou um empate de 1 x 1.

Mas Deus quis que o dia fosse dele. Jogo 1x1 tenso, frio, a voz já não saia de tanta tensão. O time já não jogava igual jogou na fase de grupos e de repente aquele pênalti. Ah, Léo Silva, por que fez isso com a gente? (Léo Silva que é ídolo também, fez um gol em câmera lenta que valeram mil).

Quando o juiz marcou o pênalti foi o silêncio mais ensurdecedor do mundo. Foi o maior silêncio que eu já ouvi. Vi gente sentando, vi gente desacreditando (desculpa santo, mas fui um desses), vi as máscaras de pânico no chão e senti que do momento que se marcou o pênalti até a hora da batida se passaram meia hora de sofrimento.

Porque meu Deus? Porque com o Galo tem que ser assim? Porque tudo é sofrido?
Quando Riascos partiu pra bola, muita gente não quis ver. Alguns ficaram sentados, outros em pé de olhos fechados rezando. Eu não, eu vi. Eu vi o milagre de São Victor do Horto.


La Canhota de Dios, como bem diz o Fred Melo Paiva


Gritei e vibrei com ele, chutei junto aquela bola pra nunca mais voltar! Gritei a plenos pulmões "Victor!" e "Puta que pariu é o melhor goleiro do Brasil, Victor!"

Frio? Já não sentia mais! Estava um calor que não acabava mais! E sempre "Caiu no Horto tá Morto"!
Fui pra casa com um sorriso inesgotável, já sem voz, mas não podia parar de cantar!
Por morar perto, sempre volto a pé do horto e por isso pude ver todos com a mesma alegria que eu. Eram sorrisos e gritos ao Santo. Eram testemunhas de um milagre.

O Atlético de 2013 me deu alegrias indescritíveis. O São Victor do Horto me deu a chance de ver um ídolo mudar seu status no clube. Ídolos são meros mortais, santos não. E Victor é mais que mortal, Victor é eternizado pra sempre na memória do torcedor atleticano.

Sou testemunha de um milagre, sou atleticana e sou devota de São Victor do Horto.




2 comentários:

Unknown disse...

Muito bom querida. Me fez reviver o sofrimento, a emoção daquela noite inesquecível, quando Riascos partiu pra bola, que foi de encontro ao santo...

Guilherme disse...

Esse foi o chute mais importante da história do Galo. São Victor era humano e se fez eterno ali.